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Contos-de-fadas são qual maçã reluzente. A pele é escarlate e sumarenta, puxa pela fome, seduz a língua. Contudo, quando o dente finca sua carne, quando a pele é perfurada e o sumo chega ao lábio, vem consigo o sabor da podridão. Por dentro está morta, decomposta, o cadáver de uma sobremesa que ainda se finge deliciosa. Também as histórias de crianças, essas narrativas passadas de geração a geração até algum escritor intrépido as capturar, aparentam benignidade. Então, o interior vil revela-se, a feiura interior tão estonteante e visceral como a beleza da superfície.
A história de Pinóquio, clássico da literatura italiana, também assim é. No seu caso, trata-se de uma questão de fachada essencial e legado histórico. É certo que a obra do escritor Carlo Collodi não finge ser inocente ou necessariamente um trabalho para entreter mentes tenras. Só que não foi a página que pintou um verniz de inocência sobre o livro. Foi o cinema, o da Disney e tantas outras, que limou as arestas vivas que Collodi compôs. De tal modo que a impressão que persiste é até mais polida que o filme de animação, mais luminosa e descomplicadamente ingénua.
Face a esta metamorfose, do livro para o ecrã para a memória coletiva, Matteo Garrone propõe um regresso às origens do conto, ao tom degradado da maçã podre. O realizador italiano, que alcançou proeminência internacional com “Gomorra”, já antes se aventurou pelo mundo da fantasia dita infantil. Em “O Conto dos Contes”, o cineasta inspirou-se nos escritos de Giambattista Basile para propor um pesadelo vestido como conto-de-fadas. Ao invés de desviar o olhar do potencial grotesco da trama, ele assumiu esse elemento, celebrou-o até. O resultado é uma espécie de realismo distorcido, uma alucinação febril que tanto tem um pé no mundo da carne e outro no sonho.
“Pinóquio” dá continuação a essa pesquisa e, pelo caminho, oferece o presente da redenção, tanto ao texto como a um dos seus atores. Recapitulando para quem não sabe, o conto de Collodi centra-se nas mirabolantes aventuras de um menino de madeira, uma marioneta viva que serve de filho querido ao carpinteiro Geppetto. O homem tenta mandar a criança sobrenatural para a escola, tenta ensiná-lo responsabilidade, mas os vícios do mundo são demasiada tentação para o nado esculpido. Sem sorte nem bom-senso, Pinóquio é aprisionado e ludibriado, ele é tornado em burro escravo, em comida de baleia e refugia-se com uma fada azul.
Pelo meio, há um conselheiro Grilo que o próprio menino espezinha até à morte, uma árvore milagreira, um teatro de fantoches e muito mais. Todas essas visões são materializadas no ecrã pela mão de Garrone e uma extraordinária equipa de artesãos e criativos. O próprio Pinóquio é um milagre ímpio de artificio cinematográfico, uma figura menina cuja pele é carvalho massacrado pelo cinzel. Sua existência é um paradoxo desconcertante, madeira rígida que se contorce, que se estica, com a flexibilidade do músculo, imobilidade feita móvel.
E essa nem é a figura mais marcante ou memorável. Pensamos, por exemplo, na mulher caracol, gigantesco invertebrado que vagueia pelo espaço como um glacial atravessa o mar. Há a fada azul, primeiro pequena e depois adulta, que parece um cadáver animado, tez pálida, cabelo empoado, maquilhagem feita para o caixão mais do que para a vida. O gato e a raposa assustam, faces moldadas pela expressão salaz, tão animais como humanas. Um homem-atum é o grito de Münch a emergir de um corpo aquático, os miúdos tornados asnos são terror corporal saído diretamente do cinema de Cronenberg e outros que tais.
Corre-se o perigo de cair na descrição enaltecida e abandonar por completo o sentido crítico. Em termos visuais, este “Pinóquio” de Garrone é um triunfo sem mácula. A recusa do efeito digital barato em prol de mecanismos práticos, maquilhagem e cenários engenhosos, confere uma fisicalidade extrema ao filme. Sentimos que conseguimos tocar naquelas paredes palimpsésticas, sentir a ruga húmida do júri macaco, respirar o ar daqueles lares flageladas pela pobreza. É cinema visceral num paradigma fantasioso. Nesse aspeto, Garrone e companhia merecem muitas salvas de palmas.
Dito isso, a lealdade para com o texto de Collodi tem os seus problemas. A estrutura episódica que funciona em livro, não tem tão bom efeito quando é dramatizada. Sentimos que o filme está sempre aos solavancos, soluçando como um carro que teima em pegar. Além disso, a propositada indefinição do protagonista, quando combinada com uma performance insegura, resulta na alienação do espetador. Há sempre uma parede de vidro entre audiência e figuras dramáticas. Quase é possível relacionarmo-nos mais emocionalmente com o espaço do que com seus habitantes. Ao fim do dia, o mecanismo literário nem sempre se traduz para o cinema. Talvez “Pinóquio”, o clássico de Collodi, seja assim.
É difícil imaginar uma adaptação mais virtuosa ou leal. O filme da Disney pode trair a intenção do escritor, mas pelo menos prima enquanto objeto fílmico. Em todo o caso, ambas as versões são melhores que aquele infame desastre que Roberto Benigni estreou em 2002. Antes, ele foi Pinóquio, agora, em frente à câmara de Garrone, é Gepetto. Comove ver como o cineasta deu oportunidade ao comediante para vingar, para compensar o desastre passado, quiçá se redimir. Como o carpinteiro que esculpe o próprio filho, ele é o eterno palhaço que chora, uma explosão de joie de vivre extravasada pela melancolia. Quando Geppetto está em cena, este “Pinóquio” até ganha pulso. De resto, não tem batimentos cardíacos.
Poupatempo continuará fechado na nova fase
By Ivan Machado
April 09, 2021
Com a reclassificação de todo o Estado para a Fase Vermelha do Plano São Paulo, a partir desta segunda-feira (12), as 82 unidades do Poupatempo continuarão fechadas para atendimentos presenciais, sendo permitida apenas a entrega de documentos e situações de emergência, desde que previamente analisadas e agendadas via Fale Conosco, disponível no portal www.poupatempo.sp.gov.br e aplicativo Poupatempo Digital.
Pelos canais eletrônicos, o programaoferece 130 opções de serviços online, que podem ser feitos de forma prática e rápida, sem sair de casa. Entre os mais solicitados, estão renovação e segunda via de CNH, licenciamento e transferência de veículos, consulta de IPVA, Carteira de Trabalho e seguro-desemprego, por exemplo.
Nos três primeiros meses deste ano, foram realizados 5,7 milhões de atendimentos, dos quais 4,6 milhões através dos serviços eletrônicos pelo portal e app do Poupatempo. Só em março, foram 1,3 milhão de acessos remotos.
De acordo com Murilo Macedo, diretor da Prodesp – empresa de Tecnologia do Governo de São Paulo que administra o Poupatempo -, desde o início da pandemia a administração estadual não mediu esforços para ampliar e aprimorar os atendimentos online. “Hoje, a maioria dos órgãos que já estavam disponíveis nos postos foram migrados para as plataformas digitais e novos serviços foram acrescentados. Tudo para garantir o acesso e atender as necessidades da população, com segurança e conforto, na tela do computador e do celular”.
Entre os órgãos presentes nos canais digitais do Poupatempo, estão as secretarias da Fazenda e Planejamento, Educação, Desenvolvimento Econômico, Transportes Metropolitanos, Saúde, Detran.SP, Instituto de Identificação (IIRGD), Procon, CDHU, Sabesp, Cetesb, Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), Procuradoria Geral do Estado (PGE-SP), Receita Federal, além de algumas prefeituras.
Idealizadas para auxiliar e esclarecer as dúvidas mais frequentes dos cidadãos, as cartilhas trazem informações sobre 20 diferentes serviços oferecidos à população nos canais digitais do programa, incluindo a renovação da habilitação.
Caixa Econômica Federal lança site para apostas em loterias online

Usuário deverá se cadastrar com o número do CPF

Nesta sexta-feira (10), a Caixa Econômica Federal lançou um site onde será possível apostar nas loterias administradas pelo banco. A expectativa é de que o portal represente 3% do total de apostas feitas anualmente, que atualmente somam cerca de 3 bilhões.
Para acessar o novo canal, o usuário deverá se cadastrar com o número do CPF, para identificar que é maior de 18 anos. E as apostas terão valor mínimo de R$ 30 e máximo de R$ 500 por dia e, por meio de uma parceria com o Mercado Pago, deverão ser feitas apenas com cartão de crédito.
As apostas valerão para a Mega-Sena, Lotofácil, Quina, Lotomania, Timemania, Dupla Sena, Loteca e Lotogol, e poderão ser feitas pelo site loteriasonline.caixa.gov.br/
Até agora, somente correntistas da Caixa podiam apostar pela internet. Segundo o banco, o objetivo do canal é atrair um novo público apostador, principalmente jovens acostumados a usar a internet para fazer compras e acessar bancos.
O banco também anunciou que vai lançar um aplicativo para os apostadores, previsto para outubro deste ano. Além disso, a Caixa fará o lançamento de um jogo totalmente digital entre o final do ano e o início do ano que vem.