Casas com cash out
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Diogo teve um dia péssimo. Enquanto explica ao Expresso porquê, a sua voz vai subindo de tom e os braços gesticulam para a frente, em direção ao ecrã do computador. Diogo está enervado. Arriscou, apostou o seu próprio dinheiro, jogou contra dezenas de pessoas que fizeram o mesmo, perdeu. Mas as explicações acabam, e Diogo deixa de se mostrar chateado, sorri, os nervos são postiços, não está assim tão afetado. Afinal de contas, foi “muito pouco dinheiro deitado fora”. Sim, até pode dizer que “o dia foi péssimo”, mas “claro que estou a exagerar”.
Como praticamente 7% da população adulta portuguesa, Diogo é fã de apostas online e jogos de azar. Naquele dia, tinha jogado “mais ou menos” três horas de póquer online, mas normalmente fica-se por uma hora e meia. Perdeu €4 e alguns cêntimos, mas ainda ficou com mais de €10 na conta do site. O suficiente para “ir gerindo” o hábito, até porque as apostas, para ele, não passam de um hóbi. Para ele e para “a maioria” dos seus amigos e conhecidos. Tem 24 anos, está no primeiro ano de mestrado na Universidade do Minho, em Braga, longe da casa dos pais, tem de pagar a renda do quarto e restantes despesas, recebe uma bolsa de estudo. Ou seja: não se pode dar ao luxo de “perder a cabeça”, de apostar como se não houvesse amanhã em jogos das ligas europeias de futebol e da NBA (a liga norte-americana de basquetebol). Seria “irresponsável” fazê-lo, está fora de questão, e no seu grupo de amigos a filosofia é a mesma. Claro que por vezes tem vontade de apostar “€100 ou €200 de uma vez” num conjunto de jogos aparentemente garantidos (a chamada aposta múltipla), mas acaba sempre por resistir ao risco. Raramente põe dinheiro nas contas — arriscou um valor à volta dos €80 no último ano letivo — e ainda mais raramente retira lucro. “Uma vez ganhei €50 com um empate da Seleção”, mas o lucro acabou por se diluir nas semanas seguintes.
O dinheiro que Diogo tem destinado à sorte e ao azar engrossa os mais de €2,4 mil milhões que o mercado do jogo online português movimentou em 2018. O número é do relatório “Jogo Online em Portugal: A Melhor Aposta para o Sistema Regulamentar Nacional”, feito para a Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), que contabilizou 1,18 milhões de contas ativas no nosso país no ano passado (em 2017 eram 380 mil), o que significa 400 mil a 600 mil utilizadores; cada jogador tem, em média, duas contas em simultâneo. Tal como Diogo: uma para as apostas desportivas e outra para os torneios de póquer.
O sector foi legalizado em Portugal em 2015, seguindo outros países europeus no licenciamento, e é regulado pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), que acompanha tanto as apostas desportivas como os jogos de fortuna ou azar — como “o bacará ponto e banca, a banca francesa, o blackjack/21, o póquer, a roleta americana, a roleta francesa, as slot machines, etc.” Atualmente, são 11 as operadoras com licença para explorar o mercado: Betclic, Bet.pt, ESC Online, PokerStars, Casino Portugal, Casino Solverde, A Nossa Aposta, Placard, Luckia, 888 e Betano. Em Portugal, o futebol domina as apostas desportivas (com quase 74% do bolo total); nos casinos virtuais com dinheiro real, são as máquinas de jogo que mais atraem pessoas, com 62% da atividade, e o póquer em modo de torneio representa apenas 5,3%, atrás do blackjack e da roleta francesa. Dos mais de €2,4 mil milhões movimentados em 2018, mais de €2 mil devem-se ao casino, e menos de €400 milhões ao desporto. Face a 2017, os portugueses apostaram mais €661 milhões online, uma subida de 37,3%.
JOGADORES, CONSUMIDORES
E quem joga? O SRIJ indica que quem mais aposta são os cidadãos entre os 25 e os 34 anos (38,8% dos jogadores), seguidos pelas faixas etárias 18-24 anos (25,1%), 35-44 (23,3%) e 45-54 (8,9%). Só 2,8% dos apostadores online têm entre 55 e 64 anos, e apenas 1% tem mais de 65 anos. Estes dados não surpreendem Tiago, de 34 anos, dono de um café em Braga, a alguns quilómetros da casa de Diogo, junto à Universidade do Minho. O seu café é um ponto de abrigo para apostadores. Tiago quase nunca joga, mas lida com as felicidades e as frustrações dos outros todos os dias. “A maior parte dos clientes vem aqui apostar no Placard [jogo de apostas desportivas gerido pela Santa Casa da Misericórdia], mas também apostam nos sites.” São sobretudo jovens adultos, embora também seja comum atender homens até aos “50 e poucos anos”. Com mais idade é raro. “Os mais velhos não usam tanto a internet, é normal.” Ficam-se pelo Euromilhões e pelas raspadinhas. Braga é, aliás, o terceiro distrito do país onde mais se joga online (tem 9,5% de todos os jogadores), atrás do Porto (21,7%) e Lisboa (19,6%). Nestes três distritos estão mais de metade dos apostadores portugueses, apostadores esses que são pouco dados a arrependimentos: em 2018, apenas 2,7% suspenderam por tempo indeterminado ou determinado a sua conta.
O relatório publicado pela APAJO comparou Portugal com quatro países — França, Itália, Espanha e Reino Unido; estes cinco, juntamente com Dinamarca, Polónia e Irlanda, representam “cerca de metade da receita bruta gerada pela indústria”. No caso português, 6,9% dos adultos jogam e apostam online: é a segunda maior taxa de penetração dos cinco países analisados, apenas atrás dos 17% do Reino Unido, portadores de um mercado interno bastante amplo, com mais de 33 milhões de contas, quase 9 milhões de jogadores e uma média de 3,80 contas por pessoa em 2017.
Feitas as contas, tanto a APAJO como o SRIJ chegam a valores iguais no que diz respeito à receita bruta das operadoras portuguesas, já depois de pagos todos os prémios aos clientes: €152 milhões. Ou seja: no ano passado, cada jogador rendeu às casas um pouco mais do que €257, o valor médio que cada apostador perdeu a favor da operadora. Se se está a rever nesse sentimento de perda, saiba que no Reino Unido — fruto do mercado gigantesco — cada apostador abriu mão de €714. No entanto, transferidos estes valores para a percentagem do rendimento anual dos cidadãos, é ela por ela: os portugueses gastaram 2,4% do seu orçamento, os britânicos 2,8%. Isto não significa que as operadoras saiam totalmente impunes com o dinheiro azarado dos consumidores: a legalização do jogo trouxe o Imposto sobre o Jogo Online (IEJO), que permitiu ao Estado amealhar €66,5 milhões no ano passado, mais 22,7% do que em 2017.
TRANSPARÊNCIAS, PROTEÇÕES
No ano passado, o SRIJ detetou e notificou 338 operadoras ilegais para cessarem a atividade online e foram bloqueados 270 sites na internet que, apesar de não terem licença, continuaram a oferecer ao público apostas online. Além disso, “foram efetuadas 13 participações junto do Ministério Público para efeitos de instauração dos correspondentes processos-crime”. Mas este trabalho por parte do regulador não satisfaz a APAJO, representante da “maioria das operadoras licenciadas”, como a Betclic, a Bet.pt ou a ESC Online. Apesar de concluírem que “o mercado está a funcionar bem” e que “os consumidores estão adequadamente protegidos”, em linha com o que acontece nos outros países analisados, alertam que falta proteção às operadoras legais e sobretudo “profundidade e transparência” na informação disponibilizada pelo SRIJ. Querem informação mais completa e um combate mais abrangente contra operadores sem licença. Em Portugal, não existe uma “lista negra” pública de sites proibidos.
Vale a pena esmiuçar a conclusão de que “os consumidores estão adequadamente protegidos”. Portugal e os outros países analisados no relatório publicado pela APAJO exigem verificar a identidade de cada jogador e impõem limitações quanto ao valor que se pode apostar e depositar (só a França não limita os depósitos). No entanto, apenas Itália e Reino Unido limitam quanto uma pessoa pode perder para o jogo. Diogo concorda com a medida e acha que Portugal devia segui-la, “porque assim as pessoas estariam mais protegidas. de si próprias”. Já Tiago, pelas certezas e desilusões que ouve todos os dias no café, diz que “cada um sabe de si; desde que seja maior de idade, pode apostar quanto quiser. Os sites não são pais de ninguém, não têm de andar preocupados com os vícios das pessoas”. E o Estado, através do SRIJ, não tem? Tiago repete que não. Também não concorda com limitações à publicidade das casas de apostas: em Portugal, há limites no conteúdo e no espaço que podem ocupar, mas em Itália “toda a publicidade será proibida a partir de 14 de junho”, exceto a comparação de odds na televisão e na internet.
Quatro anos depois da legalização, este complexo mundo de palpites, probabilidades, sortes e azares está definitivamente instalado na vida dos portugueses e a crescer. Para Diogo e os seus colegas nunca passará de uma distração com riscos diminutos. No café de Tiago, os apostadores casuais continuarão a ser a maioria, com mais perdas ligeiras do que ganhos avultados. Afinal, “os jogos são um negócio como outro qualquer. Estão feitos para se perder dinheiro, não para se ganhar, não é? E quase toda a gente que diz que ganha muito dinheiro. está a mentir”.
Cash-out Betfair: encerrar aposta antes do fim do evento
Com a função cash-out da Betfair é possível encerrar uma aposta antes mesmo do final do jogo, garantindo assim um lucro imediato ou evitando um prejuízo maior do que já tem. É muito fácil utilizar esta função, que está disponível na maior parte dos jogos de futebol, ténis, basquetebol e quase todos os eventos ao-vivo.
Como funciona: Antes de mais, procure um evento que tenha o símbolo do cash-out. É um pequeno círculo amarelo que está assinalado com as setas laranjas na imagem abaixo. Sempre que um evento tiver cash-out disponível, encontrará este símbolo.
Sempre que o símbolo amarelo estiver presente, está disponível o cash-out para este mercado.
Ao abrir o evento que oferece a possibilidade de cash-out, não verá essa opção até que coloque a sua primeira aposta. Assim que o fizer, passará a ter um botão amarelo por cima das odds, com a quantia disponível para cash-out. Veja abaixo um exemplo prático: antes de tirarmos esta imagem, colocamos uma aposta de 5 euros em "Michael Berrer" para vencer o jogo, com odds de 1.66. Pode vâ-la na folha de apostas do lado direito. Na altura em que tiramos o "print", as odds já tinham baixado para cerca de 1.35, o que nos dava a possibilidade de encerrar a aposta e receber 5,94€ (veja o botão amarelo assinalado com a seta branca na imagem abaixo).
O botão amarelo de cash-out indica a estimativa de quanto vamos receber no caso de encerrarmos a aposta imediatamente
Ao clicarmos no botão amarelo, pode acontecer de recebermos ainda mais do que o previsto, devido à variação constante das odds. No nosso caso, acabamos por receber 6,20€ em vez dos 5,94€ originais. Repare na imagem abaixo que após clicarmos no botão cash-out o sistema colocou uma aposta automaticamente, com odds de 1.33, de forma que o nosso lucro/prejuízo fosse sempre o mesmo, independemente do resultado final do encontro. Repare nos valores por baixo do nome dos jogadores: receberemos 1,20 Euros de lucro, não importando quem vence.
Cash-out finalizado. O sistema coloca uma aposta automática, e o nosso lucro estará disponível de imediato.
Lembre-se que pode utilizar o cash-out não apenas para garantir lucro, mas também para minimizar prejuízos. Por exemplo, se fizesse uma aposta no jogo acima e as odds subissem em vez de baixar, poderia evitar perder todo o dinheiro e "sair" do mercado em qualquer altura com um prejuízo reduzido.
Funcionalidade Cash Out nas apostas é lucrativa?
Atualizado 13 dezembro 2019
Para quem tem acompanha os nossos artigos sobre apostas certamente já reparou que hoje em dia as casas de apostas esportivas online tentam lançar novas funcionalidades e novas promoções para conseguirem angariar cada vez mais usuários. Uma das grandes casas de apostas, a Betfair, foi uma das que impulsionou a funcionalidade de Cash Out.
Esta foi uma funcionalidade que revolucionou o mundo das apostas uma vez que foi a uma das que veio demonstrar que é possível fazer algo diferente num mercado tão antigo como é o das apostas esportivas. E o mais engraçado é que de certa forma nem foi uma verdadeira invenção. Na realidade a Betfair apenas deu um nome a algo que os seus apostadores já faziam. Ao apostarem contra e a favor de determinado resultado, os apostadores de trading esportivo já conseguiam de alguma forma minimizar a perda de dinheiro. Foi por assim que a Betfair decidiu criar o sistema de Cash Out, uma forma de os apostadores terminarem as suas apostas antes do jogo acabar e evitando maiores perdas.
O QUE É O CASH OUT?
O Cash Out Imediato, também muitas vezes denominado de “Fechar Aposta” ou “Recuperar Aposta”, é uma funcionalidade das casas de apostas que permite bloquear um ganho ou uma perda sem se ter de esperar pelo final do evento. As casas de apostas fazem os seus cálculos e oferecem em tempo real valores relativos ao fecho das apostas que estão aberta, com base nos preços praticados no mercado nesse momento
COMO FUNCIONA CASH OUT?
Imagine, você apostou no Brasil para ganhar em um jogo contra a Argentina, mas antes do jogo, ou durante, você fica sabendo que os melhores jogadores estão fora do jogo. O seu palpite pode inverter e deixar de acreditar que o Brasil vai ganhar. A funcionalidade de Cash Out permite fechar a aposta antes ou durante o encontro. Assim poupará algum dinheiro, mas lembre-se que tem sempre de pagar um valor à casa de apostas por ter fechado a sua aposta antes do final do encontro.
Mas esta funcionalidade não serve apenas para evitar perdas. Pode também ser usada para fechar uma aposta que já tenha um lucro que ache adequado. Por exemplo, se num jogo um apostador aposta na vitória do Chile sobre a Itália, e aos 65 minutos o Chile está a ganhar por 1 – 0, pode parecer interessante fechar a aposta sem correr o risco que o resultado se altere. Isto poderá ainda ser mais importante se por exemplo um jogador do Chile acabar sendo expulso do jogo. Assim o apostador pode bloquear o ganho antes do final do encontro.
O QUE GANHA OU PERDE AO FECHAR UMA APOSTA?
Ao usar esta funcionalidade tem sempre de pagar um valor à casa de apostas. No entanto se o resultado estiver a seu favor poderá ser mais fácil controlar o valor que vai dar à casa de mudo a obter mais lucro. Tem é de entender que dependendo da altura do encontro e das ocorrências, o valor a pagar a casa de apostas vai sendo diferente. Por exemplo, irá pagar mais por bloquear um ganho aos 65 se a equipa estiver com menos 1 do que se a equipa estiver a jogar de 11 para 11.
CASAS DE APOSTAS ESPORTIVAS COM CASH OUT
Grande parte das casas de apostas online a operar no Brasil já possuem esta funcionalidade. Nomeadamente as mais conceituadas como a Bet 365, a Betboo e Rivalo
CONCLUINDO
O Cash Out é extremamente útil em apostas ao vivo., mas tem de ser bem usada. A casa de apostas vai sempre cobrar uma comissão quando esta funcionalidade é ativada. Muitos apostadores usam o Cash Out para fechar apostas que estão a ganhar, com medo de depois o resultado mudar. Contudo isto é algo que dá mais vantagem à casa uma vez que parte do lucro potencial da aposta é perdido uma vez que o apostador bloqueia a aposta cedo demais. Além disso a casa ainda vai lucrar com a comissão cobrada. A utilização desta funcionalidade deve assim ser bastante ponderada de modo a que não se beneficie sempre a casa de apostas.