Casas de apostas online portugal
Autor da publicação: Enrico Nazaré
Num ano tão atípico como este, com todo o contexto de confinamento, os portugueses procuraram ainda mais formas de entretenimento online. A pandemia de COVID-19 veio transformar a forma como nos relacionamos, tornando as relações em algo cada vez mais digital, ajudando a criar oportunidades no jogo e nas apostas online.
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Contra todas expectativas, as apostas online registam crescimento no 1º semestre de 2020
No primeiro semestre de 2020 registou-se em Portugal um aumento de 58% no valor investido em jogos de fortuna ou azar, face ao período homólogo de 2019. As receitas das casas de apostas cresceram 47%, evolução esta associada ao facto de terem sido emitidas mais seis licenças a novos operadores, segundo os dados do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos do Turismo de Portugal (SRIJ).
Em Portugal, os jogos de fortuna e azar são os que geram mais receitas (961 milhões de euros), onde se incluem as slots machines, a roleta e o blackjack. No entanto, o mercado das apostas online tem uma quota de mercado superior e o seu crescimento sido colossal, com a entrada constante de novos jogadores, não obstante o evidente decréscimo no valor nas apostas desportivas em Fevereiro (-6,4%). Ao contrário de todas as expectativas, em Março denotou-se um acréscimo de cerca de 16,6% no valor apostado, numa fase em que apenas os campeonatos da Bielorrússia e Nicarágua não pararam. A receita das casas de apostas cresceu 47%, traduzindo em termos de valor, o mercado das apostas online atingiu os 70 milhões de euros, os portugueses investiram mais 23 milhões de euros em apostas do que no período homologo de 2019.
As apostas desportivas online continuam em expansão, aumentando a sua quota de mercado um pouco por todo o mundo, incluindo Portugal. O futebol é indubitavelmente a modalidade desportiva com maior volume de apostas em território nacional, representando 77,53%, segundo dados do Serviço de Regulação e Inspecção de Jogos (SRIJ).
As apostas online substituem a emoção e a adrenalina dos jogos ao vivo
Com a proibição da abertura dos estádios aos adeptos, e com as plataformas de apostas online cada vez mais acessíveis, fáceis e rápidas, as apostam têm-se tornado a alternativa perfeita.
Com a opção de jogos de futebol sem público, os adeptos sentiram falta da emoção e da adrenalina e parece terem-se virado para o mercado das apostas online como forma de compensação, contribuindo para o aumento exponencial de novos apostadores online.
Não podendo ir aos estádios juntos, uma tendência que parece estar a surgir entre os apostadores, é juntarem-se para conversarem sobre o que está a passar no jogo, a fazerem juntos as suas apostas. As conversas sobre o possível onze, quem devia jogar e em que lugar e o resultado final podem manter-se, agora tornando as apostas de futebol em algo mais social, onde pode desafiar os seus amigos a mostrarem os seus conhecimentos sobre os jogos e as equipas e discutirem em conjunto as suas apostas, apostando entre si. O facto dos resultados das apostas serem conhecidos no mesmo minuto é um dos fatores que mais cativam os novos jogadores.
As plataformas de apostas online aproveitam para investir no desenvolvimento tecnológico
Uma das frases mais ouvidas nos últimos tempos é que “nada vai ser como antes”, sem dúvida que a pandemia de Covid-19 mudou o mundo, mas nem tudo é negativo, nomeadamente em relação ao mercado do jogo e das apostas online, que aproveitaram este contexto adverso para serem mais criativas e investirem no desenvolvimento tecnológico.
O sector das apostas de jogos de eSports ilustra exatamente a capacidade do mercado de apostas se reinventar e do investimento tecnológico. Com o investimento das plataformas de apostas online outras vertentes desportivas, como o eSports, captaram jogadores que estavam vocacionados para os jogos online. Sem dúvida que este mercado veio trazer mais apostadores, aumentando as oportunidades de negócio das casas de apostas online.
Estas inovadoras oportunidades de apostas eSports podem ser bastante lucrativas para ambos os lados, para as casas de apostas e para os apostadores. Atualmente a indústria de eSports disputa prémios milionários aumentando exponencialmente o engagement das apostas de eSports.
Outra grande aposta no desenvolvimento das plataformas de apostas terá de passar pelo aperfeiçoamento do seu serviço de streaming, é uma das áreas chave no mundo das apostas, dizem as previsões de tendência global, num contexto pós Covid-19.
E o que leva a esta necessidade de desenvolvimento? Com os jogos à porta fechada, as plataformas de 'live streaming' desportivo são uma excelente base de conteúdos, pela capacidade de fornecerem conteúdos de futebol em direto.
Sem dúvida que num contexto tão adverso como o que temos vivido, as apostas online tornaram-se um verdadeiro caso de sucesso e demonstram ter ainda muito potencial de desenvolvimento.
Quebra no mercado de apostas desportivas foi de 80%
A pandemia de covid-19 provocou uma quebra de "cerca de 80%" no mercado de apostas desportivas em Portugal, num ano em que se previa um crescimento, disse o diretor de marketing da casa de apostas online Bet.pt.
Em declarações à agência Lusa, Pedro Garcia admitiu que este era um cenário "algo inevitável" a partir do momento em que o mercado foi confrontado com a quase inexistência de eventos desportivos e notou que o setor se encontra, neste momento, em "recuperação gradual", que se deve "maioritariamente ao regresso dos principais campeonatos europeus" de futebol.
"O mercado apresentou sinais positivos no inГcio do ano, nomeadamente em janeiro e fevereiro, e prevГamos um ano de crescimento no setor. No entanto, com a pandemia, em meados de marГ§o, e a suspensГЈo de praticamente todas as competições de desporto a nГvel mundial, atГ© maio, acabГЎmos por verificar uma quebra de cerca de 80% ao nГvel das apostas desportivas", analisou o responsГЎvel da casa de apostas na internet.
A recuperação, sublinhou Pedro Garcia, "tem vindo a ser gradual" e teve inГcio com o regresso do campeonato alemГЈo.
Posteriormente, teve um novo 'balão de oxigénio' com o reatar da I Liga portuguesa "e outros campeonatos europeus", embora Pedro Garcia faça questão de referir que "é importante que se perceba que não estamos a falar dos volumes de janeiro ou fevereiro, até porque continuam sem existir algumas competições".
"A I Liga portuguesa Г© uma das competições que gera bastante interesse junto dos nossos jogadores. Sabemos que tem um grande impacto e importГўncia e notГЎmos automaticamente um aumento no volume de apostas [quando a competição foi retomada, em junho], principalmente porque regressou numa fase em que o tГtulo estava ainda indefinido entre FC Porto e Benfica", explicou Pedro Garcia.
A representatividade do futebol no mercado de apostas desportivas, de resto, "acentuou-se nos últimos meses" em função da "redução significativa de eventos desportivos de outras modalidades", que representam, normalmente, "20% do volume total" de apostas no mercado português.
TГ©nis, NBA (basquetebol) e hГіquei no gelo sГЈo as modalidades apontadas pelo responsГЎvel de marketing da empresa como as mais procuradas pelos apostadores portugueses, alГ©m do futebol que Г© "sem dГєvida a que desperta mais interesse".
Ainda assim, o responsável apela ao regulador do mercado nacional, o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ), sob a alçada do Turismo de Portugal, para a introdução de novos jogos como "e-sports, eventos virtuais, fantasy sports ou jogos de casino ao vivo" como forma de "alargar a oferta e combater operadores ilegais".
"Estes operam à margem da lei, conseguindo oferecer preços mais competitivos e produtos que as empresas legais não podem oferecer. Não são tão rigorosamente controlados como os operadores licenciados em Portugal e, por isso, também não cumprem os requisitos de jogo responsável e proteção de menores", apontou Pedro Garcia.
E o perigo da proliferação de operadores ilegais pode mesmo afetar o desporto nacional, cujo financiamento é garantido, em parte, pelas receitas proporcionadas ao Turismo de Portugal pelos jogos sociais e apostas desportivas online.
"Havendo uma quebra no setor das apostas desportivas, seja motivado por operadores ilegais ou outro motivo, Г© quase sinГіnimo de que exista tambГ©m uma quebra na indГєstria do futebol no nosso paГs. Estamos a falar de patrocГnios, receitas e muitas outras ações que ficam em causa", detalhou Pedro Garcia.
ApГіs a declaração de pandemia pela Organização Mundial de SaГєde, em marГ§o, quase todas as competições desportivas a nГvel mundial foram adiadas ou mesmo canceladas pelas autoridades locais, provocando uma quebra significativa no mercado de apostas.
Em Portugal, segundo uma estimativa da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online, as perdas de receitas em apostas desportivas terão chegado a perto de 100% em abril.
ApГіs severas medidas de confinamento com o objetivo de controlar a propagação da pandemia, alguns paГses permitiram o regresso da atividade e competições desportivas a partir de maio.
Em Portugal, a I Liga de futebol foi retomada em 03 de junho, com a realização da 25.ВЄ jornada, e concluГda em 26 de julho, depois de consagrar o FC Porto como campeГЈo nacional 2019/20.
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Betclic: concorrência ilegal trava crescimento
A Betclic quer ser "a Tesla" na inovação". A casa de apostas está apostada em criar uma nova experiência de jogo através dos smartphones.
A Betclic, a primeira casa de apostas online licenciada em Portugal, debate-se com “o grande problema” da concorrência dos sites ilegais. Numa altura em que se decidiu centrar na melhoria da experiência de jogo, a operadora reconhece que o crescimento deste mercado é dificultado pelo acesso dos jogadores portugueses a jogos online ilegais.
Para travar esta “concorrência desleal”, a Betclic sugere uma “articulação mais próxima entre a entidade reguladora do jogo online e o Banco de Portugal”, para impedir que “sejam processados pagamentos a estes operadores”, diz Ricardo Domingues, diretor-geral da Betclic no país. O gestor adianta que o site 1xbet (sem licença no país) tem mais pesquisas no Google do que a Betclic e a Bet, as duas maiores casas de apostas do mercado nacional. Um estudo do Eurogroup aponta que 68% dos apostadores portugueses utilizam sites ilegais.
Esta fuga dos jogadores é explicada pelos “preços mais competitivos” que as casas de apostas ilegais oferecem. Como não estão reguladas, não pagam impostos e podem oferecer condições mais vantajosas ao apostador. Neste ponto, Ricardo Domingues frisa que a tributação em Portugal do jogo de apostas desportivas à cota “não é competitiva” e, assim, cria-se “um mercado menos apelativo para o utilizador”.
Aponta o exemplo dos países escandinavos, onde as operadoras de jogos online pagam nove vezes menos impostos do que em Portugal. A situação nacional “é incomportável”, defende. A lei estipulou o pagamento entre 8% e 16% sobre as receitas do montante das apostas efetuadas. Ricardo Domingues defende uma homogeneização das regras para as apostas desportivas online e para o Placard (jogo explorado pela Santa Casa da Misericórdia), e uma tributação com base na receita de jogo, sem contabilizar os prémios.
A Betclic, que não divulga o montante de receitas obtidas em 2017 - primeiro ano de atividade integral -, é muito provavelmente líder no jogo online em Portugal. A casa de apostas de origem francesa tem 1,3 milhões de jogadores registados. “Gosto de pensar que sim, mas não existem dados individualizados, mas somos seguramente os principais operadores”, diz Ricardo Domingues. No ano passado, o primeiro exercício completo, a atividade licenciada do jogo online gerou receitas de 122,5 milhões de euros, com as apostas desportivas à cota a registarem 68,1 milhões.
Já ao nível dos jogos online de casino, Ricardo Domingues considera que a atividade “é competitiva, permite ter um negócio rentável, e está dentro do panorama europeu”. O responsável frisa que Portugal “seria um mercado muito difícil de operar se a Betclic trabalhasse só as apostas desportivas, o jogo de casino sustenta um pouco” o negócio. No país, há sete operadoras licenciadas de jogo online de casino.
A Betclic prevê, para este ano, um crescimento nas receitas da ordem dos 30%. A operadora quer captar mais jogadores e, para isso, decidiu focar-se no utilizador, apostar numa comunicação mais democrática e transversal a diferentes públicos e investir na experiência de jogo. Mais de 58% dos apostadores portugueses inscritos na Betclic utilizam hoje o telemóvel para jogar, quando em 2016 eram perto de 28,7%. Queremos ser “a Tesla na inovação” no mobile, “o jogo alterou-se significativamente nos últimos anos e nós estamos focados na inovação, em adaptar a experiência de jogo a este novo consumidor”.
